Introdução a psicologia junguiana

Uma abordagem comparativa com a transpessoal e o conceito de espiritualidade

A Psicologia Transpessoal explora o potencial máximo do ser humano na compreensão e realização de estados de consciência unificadores e transcendentes ao alinhar conhecimentos psicológicos, filosóficos e espirituais.

A transcendência tem base teórica da Física moderna como a Teoria da Relatividade, Teoria Quântica, Teoria dos Campos Morfogenéticos, Teoria do Holograma, entre outras.

Já a Psicologia Analítica, também conhecida como psicologia junguiana ou também psicologia profunda, é um ramo que enfatiza a importância da psique, do inconsciente , dos arquétipos e do processo de individuação. Jung caminhou junto com Freud e contribuiu muito para a psicanálise, porém, divergiram em alguns aspectos, e por isso Jung buscou romper com o "pai da psicanálise".

A psicologia analítica se distingue da psicanálise principalmente por uma noção diferenciada e abrangente da libido, a conceituação do inconsciente coletivo e o surgimento da função transcendente.

O conceito da transcendência possui diversos significados para Jung, sendo a função transcendente psicológica a união de conteúdos conscientes com inconscientes, onde há uma transição de mentalidade sem que haja unilateralidade - conceituada por Jung como enantiodromia (tendencia a polarização).

"Que o mundo, tanto por fora como por dentro, é sustentado por bases transcendentais, é algo tão certo quanto nossa própria existência." Jung

O inconsciente coletivo, a sincronicidade e o numinoso, são exemplos de conceitos que trouxeram dúvidas aos mais céticos com a psicologia analítica. A crítica se deu por essas ideias não apresentarem comprovação científica. Porém, elas estão também dentro do campo das teorias da física quântica moderna, sendo portanto a psicologia analítica considerada uma precursora da vertente transpessoal.

Para Jung, a espiritualidade é um traço básico da natureza humana. Porém, a crença em um Deus dá lugar hoje ao anseio por experiências espirituais. Tais experiências atuam na integração dos estados não ordinários de consciência e dos níveis mais profundos da psique, e podem ser acessadas por meio de algumas técnicas como a pratica de yoga, respiração circular, meditações guiadas, escrita terapêutica, visualização de símbolos, arte, etc.

"As religiões se acham tão próximas da alma humana, com tudo quanto elas exprimem, que a psicologia de maneira alguma pode ignorá-las" Jung

Segundo a psicologia analítica, a experiência religiosa pode ser "um fenômeno psíquico de experiência integradora, curadora, salvadora e abrangente." Assim como já mencionei no texto sobre Stanislav Grof, um dos nomes mais expressivos na transpessoal. Ele preocupava-se em investigar os estados não ordinários da consciência que apresentassem potencial heurístico - de cura - por meio de técnicas de respiração que promovessem estados de expansão de consciência assim como algumas substancias psicodélicas ou também conhecidas como enteógenos.

Jung fala que a transcêndencia da psique permite experimentar outra "realidade por trás da realidade." Abordou isso na psicologia analítica. Trata-se do conhecimento de que o mundo físico e psíquico, que pode ser percebido com os sentidos e o mundo invisível do inconsciente - faz parte de uma totalidade indivisível - chamada por ele de unus mundus.

Assim, a espiritualidade no contexto da psicologia, propõe a conexão com "algo maior", transpessoal, além do "eu menor", ego, individual. Tal conexão se mostra válida por promover uma integração de aspectos emocionais, psíquicos, mentais e do corpo físico. É de saúde integrativa que estamos falando. Não adianta tratar os sintomas sem ter uma compreensão sistêmica, do organismo como um todo.

Por isso mesmo, Jung também postula a conexão e via de mão dupla do corpo e da mente, tendo uma forte influência da psicossomática em sua teoria. Mas podemos aprofundar essa ligação corpo e mente, na psicologia analítica, em um outro texto.

Esse conteúdo foi inspirado no livro Espiritualidade e Transcendência - C.G. Jung com a contribuição do livro Cura Profunda - Stanislav Grof, além de artigos e leituras complementares.